Recentemente, a questão do serviço militar obrigatório voltou à tona em Portugal, trazendo consigo um debate sobre sua pertinência e viabilidade nos dias de hoje. Dois importantes líderes militares, o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Eduardo Ferrão, e o Almirante, chefe do Estado-Maior da Armada Henrique Gouveia e Melo, expressaram as suas opiniões sobre o assunto, propondo uma reflexão mais profunda sobre a possibilidade de reintrodução do serviço militar obrigatório.
Em dois artigos saídos no Expresso, o General Eduardo Ferrão defende que é crucial estudar a reintrodução do serviço militar obrigatório, argumentando que isso poderia ajudar a mitigar os desafios enfrentados pelas Forças Armadas Portuguesas, como a falta de recursos humanos e as dificuldades de recrutamento. Sugerindo que esta medida poderia garantir um contingente estável de soldados e fortalecer a capacidade operacional das Forças Armadas, especialmente em tempos de emergência ou crise.
Por outro lado, o Almirante Gouveia e Melo ressalta que reequacionar o serviço militar obrigatório não deve ser encarado como uma medida isolada, mas sim como parte de uma estratégia mais ampla de defesa nacional. Destaca a importância de repensar todo o sistema de defesa do país, adaptando-o aos desafios contemporâneos e às novas ameaças que surgem no cenário global. Nesse sentido, o serviço militar obrigatório poderia ser uma peça fundamental num plano mais abrangente de modernização e reforço das capacidades de defesa de Portugal.
A reintrodução do serviço militar obrigatório exigirá uma cuidadosa análise de seus impactos sociais, económicos e logísticos. Questões como a duração do serviço, a inclusão de mulheres e a garantia dos direitos individuais dos recrutas seriam aspectos importantes a considerar neste processo.
Além disso, é crucial envolver a sociedade civil e os órgãos governamentais num amplo diálogo sobre este assunto, a fim de garantir uma decisão informada e consensual. O debate sobre o serviço militar obrigatório não diz respeito apenas às Forças Armadas, mas também à sociedade como um todo, pois afeta diretamente a vida de milhares de jovens e suas famílias.
A proposta de reequacionar o serviço militar obrigatório levanta questões complexas e controversas, que merecem ser cuidadosamente consideradas por todos os envolvidos. Independentemente da decisão final, é fundamental que esta seja baseada em evidências sólidas, em análises aprofundadas e no interesse nacional de Portugal.