Tudo evolui; não há realidades eternas, tal como não há verdades absolutas. A história ensina-nos que as sociedades que mais prosperam são aquelas que sabem adaptar-se, que têm a coragem de questionar o que parece imutável e que se recusam a aceitar que o futuro está predeterminado. No entanto, há lugares onde o tempo parece ter parado, onde o poder se cristalizou e onde as oportunidades são sistematicamente adiadas. A Amadora é um desses lugares.
Desde 1997 que o mesmo modelo de governação se perpetua, consolidando uma forma de gerir o concelho que se confunde com o imobilismo. A cidade cresce, as suas pessoas mudam, mas as decisões continuam a ser feitas pelos mesmos, com as mesmas lógicas e os mesmos interesses. Quando o poder se instala sem desafios, cria-se um sistema onde o essencial é manter equilíbrios internos, e não responder às necessidades reais dos cidadãos.
A Amadora é uma cidade de potencial. É um município dinâmico, com uma localização privilegiada, um tecido empresarial capaz e uma diversidade cultural que deveria ser uma alavanca para a inovação e a criatividade. No entanto, quem aqui vive sente que os problemas de sempre continuam por resolver: o urbanismo desordenado, a insegurança persistente, os transportes insuficientes, a falta de estratégia económica.
Porquê? Porque a mudança exige coragem, e quem se habitua ao conforto do poder raramente tem essa coragem. O que deveria ser um município de oportunidades torna-se um município de concessões, onde os projetos se encaixam nas dinâmicas já estabelecidas, em vez de desafiarem o status quo.
Mas a história também nos ensina outra coisa: nada é permanente. A Amadora não está condenada à estagnação. A mudança é possível, desde que haja vontade. É possível libertar a cidade do peso de décadas de gestão acomodada e apostar numa Amadora onde o poder municipal esteja ao serviço das pessoas, e não de uma rede de interesses.
A Amadora precisa de um novo rumo. De uma visão que não esteja refém do passado, mas sim focada na construção de um futuro dinâmico, transparente e aberto a todos. O poder não é um direito adquirido; é uma responsabilidade que deve ser conquistada e renovada. E esse momento de renovação está a chegar.