Democracia não é um estado, é uma ação.

Democracy is not a state. It is an act, and each generation must do its part.” John Lewis. 

Joe Biden afirmava na sua campanha eleitoral que era urgente defender a democracia, combater a corrupção e preservar os direitos humanos, mais fácil de dizer do que executar. 

“Segundo o mais recente relatório da organização norte-americana Freedom House, a democracia recuou em 73 países no ano de 2020 — um recorde nos últimos 15 anos. Quase 75% da população mundial vive em países onde se registou uma deterioração da democracia em 2020.” In: Público 10/12/2021

Cada um deve fazer a sua parte e a Administração Biden, realizou entre 9 e 11 de dezembro de 2021, a Cimeira da Democracia, um encontro virtual com a participação de cem lideres mundiais, incluindo a sociedade civil, onde se discutiram temas como a liberdade, a luta contra o autoritarismo, o combate contra a corrupção e a promoção dos direitos humanos. https://www.state.gov/summit-for-democracy/ 

As opiniões dividem-se entre a utilidade deste gesto e o risco de criar uma nova “Guerra Fria” entre os estados democráticos e os estados autocráticos, nomeadamente entre o ocidente e o oriente onde a Rússia e a China ganham uma enorme relevância. 

Vivemos tempos de recessão democrática tal como Larry Diamond, politólogo norte-americano, afirmou. O crescimento de discursos mais duros e menos abrangentes com tendências totalitárias, numa visão dual da realidade, em que ou estás comigo ou contra mim, sem espaço para o confronto de ideias e tolerância pelas diferenças faz temer o pior. 

 A democracia necessita que a defendam com vigor e determinação para que tal como Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia afirmou “Todos sabemos que a democracia é imperfeita na sua conceção e imperfeita na realidade. Mas há uma vontade comum de reforçar a democracia como a forma mais justa para alcançar os maiores benefícios para as pessoas de todo o mundo.” 

Não creio que os países como a China, a Rússia e o Paquistão ao não participarem nesta cimeira fiquem muito preocupados com o facto de não serem incluídos no grupo das Democracias. Estão muito mais interessados em desenvolver o seu poder de atração e de persuasão (Softpower) junto dos países que circundam o Oceano Indico, e a China em particular, em consolidar a sua nova Rota da Seda, “Uma Faixa, Uma Rota”.  No dia 11 de novembro, a China realizou um festival de compras on line com a designação “Duplo Onze” em que participaram cerca de 800 mil marcas e comerciantes. https://www.campeaoprovincias.pt/noticia/programa-uma-faixa-uma-rota-vai-tirar-milhoes-de-pessoas-da-pobreza uma referência para o bom momento comercial e bastante sedutor, que este colosso económico atravessa, para que certos países aceitem reduzir a qualidade da sua democracia em troca de um crescimento económico rápido no curto prazo mas que poderá deixar sequelas no longo prazo com um garrote de endividamento face aos financiadores do império do meio.

Mérito desta cimeira, será uma forte aposta de todos os governos participantes para um fundo internacional de apoio ao jornalismo. A Comissão Europeia pretende investir 1,5 mil milhões de euros até 2027 e  “Joe Biden, salientou que a proposta de Orçamento dos EUA para 2022 tem uma verba de 424 milhões de dólares (375 milhões de euros) para “reforçar governações transparentes e responsáveis, incluindo o apoio à liberdade dos media e à promoção de reformas democráticas, à luta contra a corrupção internacional e à protecção de eleições livres”. “ In: Público 10/12/2021

Usar o nosso poder individual para deixar uma marca positiva na sociedade é tudo o que se pede.